Desenvolvimento Positivo
. O tema aqui abordado foi o Desenvolvimento Positivo. Para tal contamos com a ajuda da Professora Leonor. O Professor Nuno fez questão de salientar que este tema tem presente e terá ainda mais futuro.
- “Porque me meti nisto?” questionou a Prof. Leonor. As razões assentaram fundamentalmente no facto de ter já 20 anos de carreira, sempre ligada ao desporto e como tal com imenso tempo de ensino e treino. E ao fim de 20 anos já tem “alunos-netos” (alunos filhos de antigos alunos), que em nada se parecem aos pais. Surgem então dúvidas em relação a estas novas gerações que conseguiu descrever através de uma pequena história:
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Prof: Senta-te; Aluno: Não me sento; Prof: Já te disse para te sentares! Aluno: Sentas-me por fora, mas não me sentas por dentro… . |
Como se educam? Como se “sentam” estes alunos? Qual o papel dos Professores nisto tudo?
Em primeiro lugar convém perceber quem são estes alunos, existindo duas versões. Uns que têm acesso a tudo (computadores, desportos, etc.) e outros insurrectos (mal comportados, bullyng, bebida, etc.). Porque é importante conhecermos os nossos alunos? Porque tudo o que se faça nas mais diversas áreas, a imagem que temos dos alunos vai determinar a nossa forma de atuar.
Em termos de intervenção com as crianças surgem duas conceções distintas:
- Há um problema, ele está instalado e agora tem de ser resolvido – Curativa.
- Tentar intervir sobre as origens dos problemas – Preventiva.
Nenhuma delas é correta, depende da situação. No entanto, do ponto de vista curativo a perspectiva é de défice, identifica problemas. Talvez seja então mais interessante não agir sobre as consequências, mas sobre as origens (pobreza, violência, etc.) Desta maneira, para tal atuação é necessário estudar o fator motivação da prevenção.
É aqui que entra o Desenvolvimento Positivo da juventude.
O que é?
Basicamente é uma forma de atuar, pegando e conduzindo com sucesso os miúdos até à idade adulta. Os jovens passam a ser vistos como um depósito, não de défices ou problemas mas de recursos.
Como se faz?
Eliminando fatores de risco, enfatizando os fatores de proteção.
A sua forma de atuar pauta-se pela definição positiva de objetivos; pela cultivação de um ambiente de suporte, de enriquecimento, uma forma de lidar com grupos devolvendo a consciência de que são capazes, dando-lhes responsabilidade nos mais diversos aspetos da vida (trabalhar, estudar, etc.); programa-se partindo da ideia de que todo o desporto é bom, mas nem todos são iguais, isto é, há alguns mais apropriados que outros para determinados objetivos.
Neste seguimento coloca-se a questão: uns vencem e outros não. Porquê? Surgem algumas características diferenciadoras:
- Autoestima consistente, não sendo sensível a grandes alterações;
- Autonomia
- Capacidade de relacionamento;
- Introspeção;
- Iniciativa;
- Sentido de humor;
- Altruísmo;
- Sentido crítico;
- Adulto significativo, ou seja, aquele adulto que lhe diz algo;
- Competências, intelectuais ou físicas;
- Esperança, no aspeto de possuir expectativas.
Em relação às áreas fortes de intervenção (onde se pode atuar) figuram-se as relações pessoais e de afetos, as expectativas positivas e a oportunidade de participar e contribuir. Como? Através do desporto. Porquê? Os miúdos gostam de desporto, sendo uma atividade “moral” (através da qual percebem que há coisas boas e más), que faz parte da cultura e ajuda a construir competências pessoais. Para além disso promove a fidelidade (deve ter-se compromisso), há uma ligação de culturas, aprende-se a lidar com a derrota pessoal e o sucesso alheio e aparece o tal adulto significativo.
Tocando outra vez nos objetivos do programa, no ambiente inerente ao mesmo e nas suas atividades realçam-se os seguintes aspetos:
- No que toca aos primeiros devem desenvolver-se os 5 “C´s”: Competência, confiança, conexões (independentemente de o dia ter corrido bem ou mal tem amigos), carater, cuidado e compaixão (capacidade de compreender os outros).
- Em relação ao segundo, procura-se apostar numa relação de apoio entre jovens e adultos, gerando expectativas positivas e oportunidades de êxito. As atividades devem ser estáveis sempre com base num compromisso duradouro. Finalmente o respeito deve ser dominante em toda e qualquer situação.
- O ambiente será configurador de oportunidades de participação e de intervenção.
TPSR: Desenvolvendo a responsabilidade pessoal e social (Hellison). Qual a ideia? Pretende-se através da flutuação em 5 níveis (de objetivos claros):
1. Respeito e autocontrole (respeito pelas ideias e pelos sentimentos dos outros);
2. Participação e esforço (participação em tudo, mesmo que não se goste);
3. Autonomia e auto-responsabilidade (o professor vira as costas e continua tudo na mesma a trabalhar);
4. Atenção aos outros;
5. Transferência do que fazemos em EF para fora (nada do que fazemos é significativo se não houver tranfer para fora da escola. A VIDA não se passa só na escola).
Isto pode fazer-se a partir de várias estratégias como trabalhos de grupo, individuais, introspeção, etc. A sua finalidade passa sempre por aplicar fatores de sucesso tendo em conta o perfil do educador.
Em suma, esta temática revelou-se extremamente interessante, fornecendo-nos um novo olhar sobre qual o nosso papel enquanto docentes. Devemos ir pelo caminho mais fácil e desistir dos alunos que parecem, à partida, condenados ao insucesso? Ou optar pelo caminho mais tumultuoso mas simultaneamente mais gratificante?
Como agentes educativos não podemos alhear-nos das nossas funções mas sim procurar o “tesouro” existente em cada um. No final mais do que a sensação de um dever cumprido, existe a certeza que marcamos a vida de alunos que, no final de contas, apenas esperavam por alguém que acreditasse neles.