A Psicologia da Educação como um instrumento eficaz de ensino
Todos sabemos que ao comunicar existe um emissor e um recetor, mas entre eles existe sempre um “ruído”. Este pode ser em menor escala, ou pode ser notório como nas aulas teóricas que eram no auditório, para 150 alunos. Coloca-se então a questão: Como passar eficazmente a mensagem? Como conduzir uma aula deste género?
Primeiramente é importante termos objetivos específicos. Por exemplo, falar durante 15 min sem ser interrompido é um objetivo bem definido, quantificado e fácil de perceber se foi ou não cumprido. Por fim os nossos objetivos devem ser realistas, tendo em conta o contexto em que nos inserimos, isto é, falar num auditório para 150 mestrandos sem um mínimo de ruído é possível, no entanto, numa sala com 20 alunos problemáticos já não o é. Devemos então ter noção do que pretendemos e como o vamos colocar em prática.
“Estamos todos num rio que corre, no perigoso rio da vida e não na sua margem”
(Antonovsky)
Esta frase remete-nos para as questões referentes à Psicologia Positiva. Num rio há sempre uma dificuldade que aparece, como tal o nosso objetivo é sermos melhores “nadadores”. Só assim temos capacidade para enfrenta a vida e os obstáculos que vão surgindo. Conseguimos dar a volta às situações se as encararmos de forma positiva, como algo a ser ultrapassado e não como uma dificuldade incontornável. Para tal é preciso um elevado sentido de coerência, cada situação é distinta, cada ação tem as suas repercussões. Não basta sermos possuidores de uma panóplia de recursos, se não tivermos empenhamento não conseguimos coisa alguma, isto é, conhecimento por si só não significa nada. É necessária vontade para aplicarmos o que sabemos nos mais diversos contextos.
Para além do currículo, porque não, nós professores, termos o objetivo que os alunos sejam mais ativos durante o ano letivo?
O exemplo seguinte, dado numa aula, serve como exame diagnóstico:
O professor apresentou 5 níveis de atividade física, nos quais o nível 1 representa alguém sedentário e o nível 5 alguém muito ativo há pelo menos 6 meses. Posteriormente pediu para levantarmos as mãos tendo em conta o número com o qual nos identificávamos. A maioria estava no nível 5, nenhum estava no nível 1. É algo positivo numa faculdade de desporto!
Na prática, numa turma, a partir deste diagnóstico posso adaptar a minha intervenção tendo em conta o nível em que estão os alunos. Pode e deve ser um bom ponto de partida. Como nem todas as turmas terão o nível pretendido, ou pelo menos não na sua maioria, importa perceber que temos de trabalhar na mudança, tendo em conta as diversas fases da mesma:
- Pré- contemplação (1)
- Contemplação (2)
- Preparação (3)
- Ação (4)
- Manutenção (5)
Dando o exemplo de prática desportiva, a fase 1 representa uma negação em querer fazer, não se quer saber de atividade física para nada. Na fase 2 começa-se a estar mais recetivo, demonstra-se um maior interesse. A fase 3 diz respeito a uma altura em que se pensa em começar a mudar, fazem-se planos futuros. Na quarta fase pomos já em prática o nosso plano, que neste caso significa começar um qualquer tipo de atividade desportiva. Por último e caso consigamos mantermo-nos ativos durante, pelo menos, 6 meses estamos em manutenção.
O nosso objetivo, parece claro e passa por tentar com que os nossos alunos não pratiquem desporto somente na sala de aula, mas que adquiram hábitos no seu quotidiano. Os alunos devem ser responsáveis pela realização das tarefas e estar numa sala deve ter uma motivação maior do que simplesmente assiná-la.