Mini-teste
O que são as autoperceções?
A tentativa de concetualização da autoperceção já se arrasta desde a filosofia grega, existindo diversas perspetivas. Como tal, as escalas de autoperceção e construtos pessoais são usados há bastante tempo, tendo, no entanto, o interesse nesta temática ressurgido nos anos 80 e 90, principalmente em trabalhos relacionados com auto-estima.
No que toca á Psicologia, muitos autores estudaram o conceito de “self” e consequentes implicações para o indivíduo. Esta terminologia engloba auto-estima, auto-conceito, auto-imagem, auto-avaliação, etc, sendo que muitos autores utilizam o mesmo termo com conotações diferente. Logicamente que tal facto conduz a problemas de interpretação.
A ligação da autoperceção ao "self" é, claro está, controversa, destacando-se três delas:
- Termos que designam autoperceção e suas definições teóricas (auto-estima, auto-conceito, auto-imagem, auto-avaliação, etc)
- Modelo explicativo das variáveis, isto é, trata-se de um constructo multifacetado composto por vários domínios, ou uma medida global?
- Estabilidade da autoperceção, ou seja, se representa um estado ou um traço de personalidade.
Perante estas diferenças a validação dos instrumentos e consequente mensuração que deles advêm são distintas. Neste sentido, a escala de autoperceção de Harter (1999) é um dos instrumentos mais usados. Segundo a autora, os termos auto-representação, auto-percepção e auto-descrição podem ser usados como sinónimos e referem-se aos atributos e características que cada indivíduo usa para se descrever através da linguagem verbal (Campos, Angela; 2004). É aqui que surgem diferenças entre autores pois se aos termos acima citados podem estar, ou não ,associados julgamentos de valor, em relação á auto-avaliação, esta tem sempre um juízo a si ligada ( por exemplo: "eu sou bom", "eu não presto").
Desta maneira, Harter defende, há imagem de outros autores, que ao conceito de auto-estima está subjacente um juízo de valor sobre o proprio "self". Por outro lado, a autora refuta a posição de teóricos que indicam a auto-estima como um constructo global (ao avaliarem-se, positiva e negativamente, realizam uma avaliação geral, global), defendendo a sua multidimensionalidade, ou seja, uma diferenciação em sub-fatores. Da perspetiva multidimensional e unidimensional surgem dois instrumentos de avaliação da auto-estima, que são a escala de autoperceção de Harter (1999) e a escala Rosenberg (1979) respetivamente.
De uma forma mais "palpável", a auto-estima é algo que se vai desenvolvendo ao longo do ciclo vital. Começa a aparecer no final da infância e ganha ênfase na adolescência, onde os processos cognitivos de comparação com o próprio "self" e relações interpessoais de acentuam. Não é contudo uma construção linear, dado que ao longo da puberdade os mais diversos fatores (bio-psico-sociais) influenciam o abaixamento ou elevação da auto-estima, estando a mesma significantemente estabilizada no final desta fase de crescimento.
Desta maneira há vários aspetos da autoperceção que podem ser avaliados como competência escolar, aceitação social, namoro, amizade, entre outros. Em todos eles é avaliada a ideia que o adolescente tem de si, numa dinâmica de integração com o mundo que o rodeia.
Que implicações para a prática?
A aplicabilidade do estudo desta temática para a prática, principalmente para nós, professores de EF, prende-se com o facto de nas nossas aulas haver um constante confronto entre imagem corporal, auto-conceito, auto-estima que são avaliadas quer pelo próprio docente quer pela turma numa perspetiva de introspeção ou de comparação interpessoal. Logo, a nossa autoperceção, a perceção que temos dos outros e como os outros nos percecionam são elementos importantes e que se devem ter em conta.
Estamos numa era em que não há um "aluno-tipo",tendo cada um uma individualidade bem marcada. De forma a podermos responder a todos de igual maneira, todo e qualquer instrumento de apoio á compreensão dos jovens é util. Esta constante procura do saber figura-se então como base para a nossa plataforma de sucesso.
Para mim, os melhores momentos das apresentações dos diferentes grupos foram…
De uma maneira geral penso que as apresentações não foram bem conseguidas. Houve performance mais “teatrais” e outras mais “simples”. No entanto, terei de ser sincero neste ponto e partilhar que extraí muito pouco sobre o que foi apresentado. As iniciativas foram, sem dúvida, de louvar, mas em termos de transmissão de conteúdo ficaram muito aquém. Pode-se e deve-se dinamizar os conteúdos a apresentar, no entanto não nos podemos esquecer que o principal objetivo, pelo menos neste caso, era uma apreensão da matéria por parte de quem assistia. Porém, considero que as iniciativas foram de louvar e num futuro todos nós iremos melhorar neste aspeto.
Sobre as implicações para a prática, em síntese, retirei o seguinte que penso que poderei utilizar enquanto professor…
Enquanto professor, os principais implicações situam-se ao nível de uma constante reflexão quer sobre os alunos, quer sobre mim. Tal como a psicologia procura compreender os fatores que levam determinado individuo a comportar-se de determinada maneira, como futuro docente devo adotar esta postura de constante questionamento.
O que é verdade hoje, amanhã já não é mais, pelo que, autores como António Novoa referem, devo procurar uma constante reciclagem de conhecimento de maneira poder estar á altura desta difícil tarefa que é ensinar.
Sobre o professor inclusivo, promotor de saúde e que quer desenvolver positivamente os seus alunos…
- Define por palavras tuas que caraterísticas deverá ter o professor acima indicado.
Após as aulas dedicadas a esta matéria, consciencializei-me de que nem sempre o melhor caminho é o mais fácil. Ou seja, é fácil chegar a uma aula e dar determinada matéria sem ter em conta a turma que temos. É fácil colocar um cego de parte porque atrapalha num qualquer jogo. É fácil preocupar-me exclusivamente com os "x" minutos que a minha aula dura ou tratar um aluno "complicado" como um problema sem solução ou que não quero resolver. É fácil mas será o mais correto? No meu entender não o é. Entendo que um professor deve procurar expandir o seu trabalho, sendo uma referência para os seus discentes. Temos um grande poder em mãos pois estamos a contribuir de sobremaneira para as futuras sociedades
. Um professor não pode ditar se um aluno é aceite pelo seu bairro, mas pode, na aula, mostrar-lhe que a inclusão é possível. Certamente que será um individuo que acolherá todos, respeitando as suas diferenças. Não pode proibir alguém de fumar, beber, ou drogar-se, mas pode mostrar que esse não é o melhor caminho. Não pode controlar se um aluno entra constantemente em picardias que levam a frequentes brigas, mas pode tentar transformá-lo. Muitas vezes esse aluno apenas não tem carinho em casa e precisa de alguém que acredite nele.
Em suma, o professor deve procurar intervir efetivamente no percurso dos seus alunos, tornando-os agentes saudáveis em todos os aspetos da sua vida.
Elenca algumas das estratégias que podem/devem ser usadas por esse professor na sua intervenção.
Em primeiro lugar o professor deve realizar exames diagnósticos. Vimos no decorrer das aulas que há formas simples de o fazer e que permitem uma visão mais abrangente sobre quem são os alunos com os quais está a lidar. A partir daí o trabalho a ser feito pode ser melhor direcionado.
A realização de atividades extra-curriculares, como a formação de uma equipa de futebol ou qualquer outro desporto.
Participação em campanhas de cidadania, como por exemplo a limpeza da escola ou de um outro local.
Organização de um evento que englobe os atores escolares.
Ações de sensibilização que promovam o conhecimento sobre determinadas populações especiais, ou campanhas anti-drogas, anti-tabaco, etc.
Muitas iniciativas se podem tomar, o que depende sempre do contexto em que o professor está incluído. Penso que o importante é cativar os alunos de forma a que estes adquiram significado no que fazem. Se tal for conseguido, essa plena consciencialização permitirá a construção de um caminho de sucesso.